TAL QUAL COMO CAQUI, Natássia Garcia, FUGA 4
TAL QUAL COMO C’AQUI inspirado no Teatro de Revista, mais especificamente na peça “A Capital Federal” (1897), de Arthur Azevedo
Orientadas pelos professores Natássia Garcia, Mateus Bertoni e Maria Júlia Pascali, as disciplinas de “Oficina do Espetáculo III” (1º semestre de 2011) e “Oficina do Espetáculo IV” (2º semestre de 2011), são formadas por estudantes do 2º ano do curso de Artes Cênicas da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás. Desde o início do ano de 2011, o grupo vem pesquisando a história do Teatro de Revista no Brasil e a vida e obra do dramaturgo, cronista e crítico maranhense Arthur Azevedo (1855 – 1908).
No final do século XVIII, em Paris, na França, inserido nos vaudevilles, surge um gênero de espetáculo: revue de fin d’année. A revista de fim de ano, mais tarde conhecida como Teatro de Revista, por meio de pantomima, cenas teatrais, música e dança tinha como objetivo rememorar e criticar acontecimentos marcantes do ano. Devido ao caráter crítico em relação à política, à sociedade e à cultura da época, o gênero abriu espaço para o desenvolvimento de tons irônicos e elementos cômicos por meio de personagens tipos e alegorias. Em meados do século XIX o gênero chega a Portugal e no final do século XIX e início do século XX, também se torna popular em países como a Alemanha, a Itália e o Brasil.
Arthur Azevedo, importante autor da Revista no Brasil, tido como um dos introdutores da música popular antes da era do rádio, colocava em cena assuntos palpitantes do dia a dia. Em suas peças mostrou a mentalidade vigente por intermédio de personagens tipos, como o malandro, a mulata, o caipira, o português, a mulher fatal.
Tal Qual Como C’Aqui é um espetáculo inspirado no Teatro de Revista, mais especificamente na peça “A Capital Federal” (1897), de Arthur Azevedo. A comédia que propõe uma homenagem ao autor brasileiro e apresenta as contradições do Brasil entre o fim do século XIX e início do século XX, com a perspectiva e o desafio de atualizar o gênero teatral às práticas cotidianas da nossa contemporaneidade. Por isso, o coletivo de artistas buscou sempre manter a reflexão crítica acerca dos tempos históricos da obra original e da obra adaptada. Daí também o nome do espetáculo: Tal Qual Como C’Aqui é uma brincadeira, referência à “Tal qual como lá” (1879), peça de Arthur Azevedo e França Júnior que foi censurada na sua época.
Na criação coletiva do espetáculo, foram escolhidos autores que contribuíssem com a composição das personagens e estudos das ações físicas, como Constantin Stanislavski e Luis Otávio Burnier. Também foram feitas pesquisas bibliográficas, discográficas e filmográficas, as quais sugeriram sonoridades e imagens para a constituição dos estados, das situações, das contextualizações, das caracterizações e dos espaços presentes na montagem. Entre muitos dos materiais estão: um documentário sobre Carmen Miranda (1961), de Jorge Lleli e os filmes “O Grande Hotel” (1932), de Metro-Goldwyn-Mayer e “O Circo” (1928), de Charles Chaplin; e os livros “Fora do Sério – um panorama do Teatro de Revista no Brasil”, de Delson Antunes, “Um espelho no palco: identidades sociais e massificação da cultura no teatro de revista dos anos 1920”, de Tiago de Melo Gomes, e “Teatro de Revista no Brasil: dramaturgia e convenções”, de Neyde Veneziano.
Em maio, no primeiro semestre de investigação, os atores participaram do “II ENCONTRO – Universidade de Intercâmbios em Cena (Silêncios, sopros, vibrações… a escuta do corpo)” com o professor, pesquisador e ator Renato Ferracini (Lume Teatro; Unicamp). Na oportunidade o grupo experimentou trabalhar a ‘personagem tipo’ a partir da observação e investigação da corporeidade de animais. Durante o processo de montagem surgiram ainda propostas inusitadas vindas dos atores, que foram decisivas para a concepção do espetáculo e elaboração da dramaturgia. Foi o caso do estudo do livro “Receita de Mineiridade: a cozinha e a construção da imagem do mineiro”, de Mônica Chaves Abdala, que culminou na Oficina de Comida Mineira – com Maria Amélia, mineiríssima! Mãe de uma das atrizes – comida que interferirá diretamente no gosto do espetáculo.
Da diversidade da goianidade, da mineiridade, da brasilidade… apresentam-se ao público o gesto, o gozo, o gosto da nossa leitura de Arthur Azevedo e do Teatro de Revista!!!
Mais informações: http://talqualcomocaqui.wordpress.com/
Ficha Técnica
TAL QUAL COMO C’AQUI - inspirado no Teatro de Revista, mais especificamente na peça “A Capital Federal” (1897), de Arthur Azevedo
Direção e dramaturgia/Orientação – Natássia Garcia
Assistência de direção (1º semestre de 2011) - Janaína Deuselice
Assistência de direção (2º semestre de 2011) – Alinne Vieira
Cenografia – O grupo
Orientação de cenografia – Mateus Bertoni
Orientação vocal – Maria Júlia Pascali
Figurino e Maquiagem – O grupo
Orientação de caracterização – Kárita Garcia e Natássia Garcia
Iluminação – O grupo
Orientação de iluminação – Allan Lourenço
Sonoplastia e Produção – O grupo
Arte Gráfica – Rafael Rodrigues de Oliveira
Fotografia – Cristiane Venâncio, Jonathan Sena, Kárita Garcia, Natássia Garcia
Oficina de comida mineira – Maria Amélia Prado Barbosa
Elenco/Personagens
Allan Lourenço – Lopes (o gerente português) e Lola
Cibele Rossi – Fortunata (a mãe mineira) e Lola
Jackson Leal – Benvinda (a mulata) e Lola
Jonathan Sena – Eusébio (o pai mineiro) e Lola
Lorena Fonte – Quinota (a filha mineira, melindrosa) e Lola
Zélio de Menezes – Figueiredo (caixeiro viajante carioca) e Lola
Agradecimentos
Aos professores Kleber Damaso e Urânia Maia pelas sugestões acerca do Teatro de Revista.
Ao professor, pesquisador e ator Renato Ferracini (Lume Teatro/Unicamp) pelas aulas ministradas aos estudantes da disciplina de Oficina do Espetáculo III no 1º semestre de 2011.
À professora Flávia Cruvinel por abrir espaço na SBPC, onde o grupo fez uma apresentação do espetáculo em julho de 2011.
Às estudantes Camila Serra e Cristiane Venâncio que partilharam com a turma as primeiras experiências com o Teatro de Revista no 1º semestre de 2011.
Aos familiares, amigos, colegas de curso e professores que nos apoiaram durante todo o processo e contribuíram diretamente com a montagem.
À comissão de organização do FUGA pelo convite.
Ao Espaço Cultural Gepeto por abraçar a nossa apresentação.